sexta-feira, novembro 09, 2007

Ares do Índico - part 3

Vive-se para viajar ou viaja-se para viver? Muitas vezes é colocada esta questão principalmente quando se vive fora do país de origem. Não é fácil ficar em casa parado a olhar para o boneco quando se tem um continente inteiro para descobrir. Os pequenos episódios que acontecem durante a semana e que alimentam a fuga ao fim de semana, repetem-se vezes sem conta sem que nada seja feito para contrariar. Tinham passado uns dias desde que havia contado a um amigo recém chegado de algumas particularidades que acontecem em Moçambique, principalmente em Maputo a cidade onde vivo. É como uma moda. Numa semana desaparecem os espelhos dos carros, no mês a seguir desaparecem os piscas! Este foi o mês dos piscas para mim e para o meu carro. Imaginem a sensação de sair de casa de manhã para ir trabalhar e quando chegam ao carro reparam que os piscas desapareceram e só restam os fios eléctricos, como uma lembrança. O mais caricato disto tudo, é que para bem da saúde mental e da economia paralela, acaba-se sempre por ir comprar o material que nos pertence. Muitas vezes não é preciso ir á procura dele, porque há quem se disponibilize para nos fazer chegar em boas condições aquilo que nos pertenceu até umas horas atrás. Pequenos momentos que nos fazem sentir a diferença de onde estamos e de onde viemos. Piscas de volta no carro e mais uma lição a aprender, nunca confiar nos amigos do alheio e de que o domingo também serve para eles descansarem! Há que fazer referência á visita do Presidente da Républica de Angola, José Eduardo dos Santos a Moçambique. Várias dívidas perdoadas e promessas de um desenvolvimento rápido e sustentado. Não sei se tem a ver com a suposta chegada do verão, que está a tardar para aparecer, mas a vida cultural começa a dar uns passoa largos, para contentamento de muitas pessoas, quer moçambicanos quer estrangeiros. Todas as semanas é possível ver acontecer ciclos de cinema gratuito. Filmes italianos, filmes espanhóis, exposições de pintura e escultura, danças e outras actividades. Na sua maior parte sempre com a iniciativa de ONG´s que estão a trabalhar em Moçambique. De volta ao primeiro parágrafo, vivo para viajar! Ponta do Ouro, praia, sol, água quente e nada para fazer ou pensar. Mais um fim de semana e mais uma voltinha para um paraíso á beira mar plantado. Tentem lembrar as imagens de uma etapa do rally Lisboa-Dakar em pleno deserto africano, com muita areia, calor e sem nada nem ninguém por perto. 120 quilómetros assim e chega-se á Ponta do Ouro, só para quem tem jipe. Ao fim de quase 3 horas de muita areia, chega finalmente a hora de ir para a praia, mergulhar com golfinhos, com tubarões baleia, pescar, fazer surf ou o que quer que seja, desde que se esteja perto ou dentro de água. Peixe, marisco e muito gin tónico. Será que ainda assim há quem viva sem ser para viajar?

in: Semanário Económico, CASUAL

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Estou tão contente!!!!!!!!
Voltaste a escrever no blog :)
beijos
teresa

12:46 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home