Ares do Índico - part 9
Verão no Maputo
O sol brilha e o calor aumenta a um ritmo desalmado. A cerveja refresca e o mar ali ao lado, sem qualquer movimento e cada vez mais se assemelha a uma tijela de sopa de tão quente! O verão está no seu pico e as férias começas a ver a luz no fundo do túnel. Todas as oportunidades são boas para uma festa, para um churrasco, para uma ida à piscina ou à praia, para um passeio nas cascatas da Namaacha, para um mergulho na barragem dos Pequenos Libombos, para aproveitar o verão até à última. Durante todo o ano, grande parte da população moçambicana trabalha arduamente para conseguir durante os meses de Dezembro e Janeiro tirar umas merecidas férias e aproveitar a época das festas para se juntar à família e amigos. É impressionante o poder da família para o povo moçambicano. Uma vez em conversa com o meu amigo Toni, moçambicano de gema, nascido na província de Nampula e criado em Maputo, disse-me que para qualquer família o seu maior tesouro são os filhos e por isso estava explicado o mistério das famílias numerosas existentes em todo o país. Esse facto não só se deve só à falta de métodos de prevenção como também de informação adequada, mas sim a um sentimento de família muito forte e quanto mais numerosa for, melhor. Daí que é perfeitamente natural ter várias famílias a partilhas a mesma casa, desde avós, filhos, netos, genros, sogros e sogras. O que interessa é que sejam muitos e felizes, o resto vai se resolvendo e arranjando à medida que o tempo passa. É impossível não ficar fascinado e com vontade de abraçar aqueles milhares de crianças que se vêm por todo o país, nos lugares mais inóspitos e singulares. Sempre de sorriso na boca e de braços abertos, como se o verão durasse o ano inteiro e as férias fossem a sua ocupação a tempo inteiro. Sempre longe de casa mas perto do olhar atento dos irmãos mais velhos, estas crianças espalham a magia da sua inoçência. Assim sendo, qualquer que seja o destino da nossa viagem por Moçambique, há que ter sempre em conta estas maravilhosas jóias em bruto assim como todas as paisagens que deixam ficar qualquer um de boca aberta e pensar se é mesmo real ou alguma alucinação. Não há nada melhor que aproveitar o bom tempo e rumar pelo desconhecido à procura de praias desertas e virgens, águas transparentes e mornas, areia branca e palmeiras a perder de vista. O sol, mais colorido e selvagem do que alguma vez vi em qualquer outra parte do mundo, gira de uma forma contrária ao que estamos habituados, deixando-me muitas vezes baralhado e confuso. Os dias de verão começam às 4 da manhã quando o sol nasce e pouco depois já é possível sentir o calor abrasador que se faz sentir em África no verão. Acordar e ter a oportunidade de tomar um banho de mar para acordar, dar umas braçadas e sentir a natureza intacta. Sair da água e tomar um belo pequeno almoço de fruta e outros produtos que só em Moçambique são possíveis de encontrar. Passear pelas praias desertas e observar os carangueijos a entrar e sair da água ao ritmo das ondas, os golfinhos e baleias a nadar em harmonia enquanto os pescadores se desdobram em mil para encher os seus pequenos barcos de peixe fresco. Na praia é frequente encontrar ao final do dia, grupos de mulheres que apareçem de todos os lugares possíveis e imaginários com baldes e bacias na cabeça com a esperança de encontrar os barcos cheios de peixe e assim comprar o sustento da família. Tudo se aproveita e tudo se transforma. Desde os utensílios mais básicos até outros que nunca na vida alguém pensou poderem ser feitos artesanalmente, em Moçambique conseguimos encontrar um nível de criação e de habilidade criativa bastante grande. A imaginação e o trabalho manual serve para fazer quase tudo. Numa altura em que mais uma catástrofe natural atinge o país, toda a criatividade e energia são precisas para superar mais um desafio que só vem mostrar a todo o mundo o quanto este povo é forte, não só de corpo mas de espírito.
O sol brilha e o calor aumenta a um ritmo desalmado. A cerveja refresca e o mar ali ao lado, sem qualquer movimento e cada vez mais se assemelha a uma tijela de sopa de tão quente! O verão está no seu pico e as férias começas a ver a luz no fundo do túnel. Todas as oportunidades são boas para uma festa, para um churrasco, para uma ida à piscina ou à praia, para um passeio nas cascatas da Namaacha, para um mergulho na barragem dos Pequenos Libombos, para aproveitar o verão até à última. Durante todo o ano, grande parte da população moçambicana trabalha arduamente para conseguir durante os meses de Dezembro e Janeiro tirar umas merecidas férias e aproveitar a época das festas para se juntar à família e amigos. É impressionante o poder da família para o povo moçambicano. Uma vez em conversa com o meu amigo Toni, moçambicano de gema, nascido na província de Nampula e criado em Maputo, disse-me que para qualquer família o seu maior tesouro são os filhos e por isso estava explicado o mistério das famílias numerosas existentes em todo o país. Esse facto não só se deve só à falta de métodos de prevenção como também de informação adequada, mas sim a um sentimento de família muito forte e quanto mais numerosa for, melhor. Daí que é perfeitamente natural ter várias famílias a partilhas a mesma casa, desde avós, filhos, netos, genros, sogros e sogras. O que interessa é que sejam muitos e felizes, o resto vai se resolvendo e arranjando à medida que o tempo passa. É impossível não ficar fascinado e com vontade de abraçar aqueles milhares de crianças que se vêm por todo o país, nos lugares mais inóspitos e singulares. Sempre de sorriso na boca e de braços abertos, como se o verão durasse o ano inteiro e as férias fossem a sua ocupação a tempo inteiro. Sempre longe de casa mas perto do olhar atento dos irmãos mais velhos, estas crianças espalham a magia da sua inoçência. Assim sendo, qualquer que seja o destino da nossa viagem por Moçambique, há que ter sempre em conta estas maravilhosas jóias em bruto assim como todas as paisagens que deixam ficar qualquer um de boca aberta e pensar se é mesmo real ou alguma alucinação. Não há nada melhor que aproveitar o bom tempo e rumar pelo desconhecido à procura de praias desertas e virgens, águas transparentes e mornas, areia branca e palmeiras a perder de vista. O sol, mais colorido e selvagem do que alguma vez vi em qualquer outra parte do mundo, gira de uma forma contrária ao que estamos habituados, deixando-me muitas vezes baralhado e confuso. Os dias de verão começam às 4 da manhã quando o sol nasce e pouco depois já é possível sentir o calor abrasador que se faz sentir em África no verão. Acordar e ter a oportunidade de tomar um banho de mar para acordar, dar umas braçadas e sentir a natureza intacta. Sair da água e tomar um belo pequeno almoço de fruta e outros produtos que só em Moçambique são possíveis de encontrar. Passear pelas praias desertas e observar os carangueijos a entrar e sair da água ao ritmo das ondas, os golfinhos e baleias a nadar em harmonia enquanto os pescadores se desdobram em mil para encher os seus pequenos barcos de peixe fresco. Na praia é frequente encontrar ao final do dia, grupos de mulheres que apareçem de todos os lugares possíveis e imaginários com baldes e bacias na cabeça com a esperança de encontrar os barcos cheios de peixe e assim comprar o sustento da família. Tudo se aproveita e tudo se transforma. Desde os utensílios mais básicos até outros que nunca na vida alguém pensou poderem ser feitos artesanalmente, em Moçambique conseguimos encontrar um nível de criação e de habilidade criativa bastante grande. A imaginação e o trabalho manual serve para fazer quase tudo. Numa altura em que mais uma catástrofe natural atinge o país, toda a criatividade e energia são precisas para superar mais um desafio que só vem mostrar a todo o mundo o quanto este povo é forte, não só de corpo mas de espírito.
in: Semanário Económico, CASUAL
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