sexta-feira, março 07, 2008

Ares do Índico - part 11

Sobe e desce.

Sobe e desce. Depois de um fim de semana prolongado e cheio de festa em todo o Maputo e arredores, a semana de trabalho propriamente dita começou de uma maneira que mais valia a pena nem ter começado. A revolta e o desagrado pelas políticas adpotadas pelo governo moçambicano deixaram marcas em todos aqueles que tiveram a infelicidade de se cruzar ou fazer cruzar com a fúria da população em protesto. Não quero de forma alguma critícar o facto de existirem manifestações e demonstrações populares de revolta onde o povo demonstra a sua preocupação. Mas nem todos são culpados e muito menos têm que pagar o preço errado por não haver controle nem bom senso por parte de muitos dos supostos manifestantes. Há muito tempo que os combustíveis e o preço do petróleo dominas as conversas e preocupações económicas de pessoas, empresas, famílias e nações. Na última semana, Maputo assistiu à revolta popular contra uma das muitas consequências do aumento desenfreado do petróleo, o aumento do perço dos bilhetes dos chapas, vulgo transportes semi-colectivos. Como meio de transporte fundamental em Moçambique, foram muitas as pessoas a verem esta medida acabar com as poucas poupanças que poderiam vir a arrecadar no final do mês. Sobe. Ultimamente tudo sobe e nada desce e assim podemos ver o resultado. O país parou, o povo saiu à rua mostrando o seu desagrado e protesto de todas as formas possíveis e ao seu alcançe. Pneus queimados, estradas cortadas, lojas vandalizadas e pilhadas, carros destruídos à pedrada e muita confusão e insegurançanas ruas. O pânico e o medo generalizou-se pois nada previa que um protesto pudesse tomar tais proporções. Mais uma vez aqueles que tomam as decisões que influencíam as vidas de uma população, passam ao lado de todos os problemas deixando ainda o aviso que as consequências da revolta são da inteira responsabilidade dos amigos do alheio. Desce. Toda a razão é perdida por parte daqueles que em momentos de desespero e de revolta deixam o bom senso e a racionalidade de lado e não olham a meios para atingir os seus fins, é claro, com muitos oportunistas à mistura que se aproveitam da confusão para aumentar ainda mais os probelmas e a insegurança. Não se chegou a temer pela vida pois mais ou menos informadas as pessoas conseguiam arranjar uma forma de fugir á revolta que se espalhou por vários pontos da cidade. Os bens materiais mais ou menos valiosos dependiam de um jogo de sorte para saber até quando poderiam sobreviver intactos sem sofrer com os amigos do alheio que se juntaram e aproveitaram da confusão. Sobe e desce. Sobem os preços de tudo e mais alguma coisa e desce a um ritmo vertiginoso a calma e a razão nas alturas de desespero e de instabilidade económica e financeira. Não foi a primeira nem vai concerteza ser a última vez que isto aconteçe, mas para ínicio de ano e numa altura em que tudo e todos regressam ao trabalho depois de um período longo de férias, o futuro não se mostra muito risonho. E não esquecer que já na próxima semana vai aumentar o preço do trigo, bem essencial para a produção de pão, o alimento essencial na dieta do povo moçambicano. E agora o que se seguirá? Que mais poderá acontecer para que uma revolta generalizada e com alguns detalhes de estratégia bem defenidos saiam à rua e deixem tudo e todos de boca aberta ao mesmo tempo que impotentes e sem ninguém a quem recorrer?

in: Semanário Económico, CASUAL