quinta-feira, março 13, 2008

Vilankulos


Aqui foi a primeira paragem depois de mais de 300 kms desde Maputo em direcção a Vilankulos onde foi festejada a entrada no ano de 2008!!! Eu sei que devia ter escrito e colocado as fotos à mais tempo, mas são assim as coisas da vida!! Paragem habitual a caminho do norte do país, Quissico, uma lagoa bonita e muito agradável à vista!!!! Paragem para xi-xis, refrescos, rissois e chamussas!! 1200 kms em Moçambique de uma vez só é dose, acreditem.
Vilankulos pode ser descrito numa palavra, PRAIA. Não existe mais nada além de praias, praias e mais praias desertas nas ilhas que ficam em frente. Bazaruto e mais umas milhentas que eu não me lembro o nome, e mesmo que escrevesse voçes acreditavam em mim!!!! Para não variar, praias desertas, água quente e o homem dos gelados da OLÁ que nunca está onde deve!

Fora do centro de Vilankulos existem dezenas de lodges perdidos no meio do nada, em que só é possível lá chegar através de carros 4*4 e mesmo assim é uma sorte. Têm condições inacreditaveis e praias privadas excelentes. De vez em quando lá se vê algum local a passar com peixe ou marisco fresco para vender, e até mesmo corais e conchas gigantes!!

Sempre à descoberta de novas praias e das mais bonitas, uma semana em Vilankulos não chega nem para ver metade das preciosidades que esta terra têm para oferecer. Depois de ter sido atacada por um ciclone em Fevereiro de 2007, muitas infra estruturas estão agora a ser reconstruidas e reabilitadas.A primeira impressão que se têm quando se chega a Vilankulos é de estar numa cidade completamente destruida e suja e desorganizada. Só depois de se saber o porquê é possivel ignorar os promenores e apreciar as maravilhas deste lugar. Como verdadeiro Banhista e Doutorado em Vacances, um passeio pelas ilhas para sentir um pouco de adrenalina. O piloto deu lhe gás e lá fomos nós à vela em vez de motor, o que apenas deixou algumas marcas no corpinho, já que apanhámos um escaldão de tal maneira que as lagostas até se riam de nós. Devagar, devagarinho lá chegámos, sempre com as manias das poupanças e que se lixe o turista! Quando for rico vou ter um barco grande com dois motores!Depois de várias horas dentro de água a ver os peixinhos amigos do Nemo, e aproveitar para conhecer a ilha, lá chegou o merecido almoço incluido na excursão. Marisco, peixe grelhado, salada e fruta da época, tudo cozinhado no barco e servido debaixo das palmeiras. Não havia docinho, mas a malta improvisou!!!Pôr do sol no meio das barracas, palavras para quê? Quem tem uma vista destas não precisa de se queixar da vida!!!!Primeiro banho do ano com uma sereia!!!!!

terça-feira, março 11, 2008

O/A Baptistinha

Ainda não chegou mas está quase a chegar, por enquanto ainda está guardado dentro da caixa para não se estragar!!! Daqui a um mês já se deve saber se sai ao pai ou à mãe. Por enquanto está tudo fino e tranquilo.

segunda-feira, março 10, 2008

Chongoene

Mais uma ficha e mais uma voltinha. A criança não paga mas também nao brinca!! A paisagem pode parecer sempre a mesma mas garanto que não é.
Apesar das praias estarem sempre vazias não quer dizer que são de má qualidade ou não têm bandeira azul.

O probelma é que há tanta praia nesta terra que só quem não tem uma licenciatura em banhismo e veraneio é que acaba sempre em praias com muitas pessoas!! Chongoene fica a 200 km de Maputo, no distrito do Xai-Xai e apresenta-nos este cenário de lua de mel e muito descanso.

Quem trabalha arduamente a semana toda merece uns dias de praia ao fim de semana. Quartinho simpático e sem luxos, vista para o mar e é tudo o que se quer!
Nota curiosa, no dia em que chegámos ao Chongoene, mesmo em frente ao lodge onde ficámos estavam a queimar uma baleia que tinha aparecido morta na praia no dia antes, um espetáculo estranho mas que representa como as leis da vida e da natureza funcionam. Muita praia, muito descanso.

À saída da praia do Chongoene fica este bairro local, bem à semelhança de uma favela, mas com uma paisagem completamente diferente. Muito nice!!

Xiquilene

Maputo tem vários mercados informais espalhados por toda a cidade. Cada um deles com caracteristicas únicas e com produtos especificos. Em todos é possível comprar produtos alimentares e bens de primeira necessidade, mas depois cada um deles tem alguns artigos exclusivos!!! Este é o mercado do Xiquilene, via de passagem para entrar e sair de Maputo em direcção a norte. As fotos apenas mostram uma pequena parte do mercado visto da estrada e não o seu interior, que posso garantir ser de uma organização e arrumação de fazer inveja ao Colombo ou Amoreiras, só não dispõe de zonas de restauração e de pagamento com cartão de crédito!! Ainda não chegou, mas há-de chegar!!! Muitos produtos locais e outros importados, cerveja nacional Laurentina e 2M, gin Tentação(garrafas de plastico com tampa encarnada) não aconselho a provar, pelo menos aqueles que não costumam ir aos treinos!! Decoração de interiores e outros regalos!!!

Ares do Índico - part 12

Lei da oferta e da procura?

Alguns assuntos são bastante delicados de abordar e este é sem sombra de dúvidas um deles. O turismo sexual. Não vale a pena virar a página ou fechar os olhos para não perceber e ver realmente a verdade nua e crua. Como todos sabem, não é nem nunca será um problema exclusivo de África, mas sim de todos os países onde a pobreza e as diferenças sociais são abismais, onde as paisagens paradisíacas são uma constante, e acima de tudo onde as leis assim o permitem. Em muitos países é um cartão de visita para umas férias bastante melhores que o habitual ou uma viagem de negócios menos aborrecida e enfadonha. Só não vê quem não quer e quem não está cá, como é óbvio. São várias as histórias que se vão contanto por todas as partes do mundo sobre as famílias paralelas dos trabalhadores expatriados, que na solidão e na saudade da distância encontram nas inocentes mas experientes africanas a companhia ideal para colmatar essas carências. As viagens de negócios que são adocicadas com os prazeres da carne, a troco de nada. Os desastres profissionais em África e neste caso em Moçambique são frequentes. É fácil ouvir e saber de histórias de pessoas que vêem nos países da África sub sahariana uma oportunidade de enriquecimento rápida e ainda de grande oferta sexual. Ao fim de alguns dias ou semanas, são muitos aqueles que começam a deixar para trás as responsabilidades laborais e extra laborais para se dedicarem a tento inteiro a uma causa perdida e que sem eles saberem os vai levar à desgraça. Para quem vê isto tudo acontecer pelo lado de fora, não há nada a fazer que não seja um simples cruzar de braços e abanar de cabeça. Toda a informação está vivamente presente. Todos sabem onde são os lugares e locais onde a oferta vai ao encontro da procura e vice-versa. Não obstante das doenças mortais associadas e espalhadas por todas as esquinas, as mentiras e esquemas, e todo um jogo de sedução básico mas muito particular, não há quem resista, principalmente quando a predisposição existe e com muita vontade. Ao contrário do Brasil, onde já vivi durante muito tempo com este mesmo problema lado a lado, em Moçambique é muito diferente. Não só pela cor, porque aqui qualquer cor de pele que não seja negra é sinónimo de dinheiro e abundância do que quer que seja, mesmo que a aparência seja a pior possível, os centros urbanos são demasiado pequenos para quem está habituado a outras capitais de países mais desenvolvidos e não é com surpresa que ao fim de dois ou três dias em Maputo se saiba quem chegou, onde está a viver, com quem trabalha e por onde anda. Não é ficção é mesmo realidade. A oferta anda por todo o lado, mesmo que não se queira nem se procure, o conceito é tão forte e tão apelativo que o pudor está cada vez mais esquecido e dá lugar muitas vezes ao aberrante. Homens feitos, provavelmente pais de outros homens já feitos, passam a imagem de virilidade e opulência sexual para alegria das jovens, muitas delas sem ainda terem atingido a maioridade, que podem assim desfrutar de tudo aquilo que nunca serão capazes de alcançar. Os restaurantes, as discotecas, as compras, as lojas, os hotéis, o que quer que seja é bem-vindo. É a realidade. Os troféus exibem-se de parte a parte. Eles com os seus mini haréns de curta duração e elas com uma subida exponencial na pirâmide do salve-se quem puder. Não há nada a fazer, pois a oferta é igual à procura. Ambos sabem onde está e como lá chegar, o que fazer para a conseguir e as desculpas para deixar tudo para trás. Declarações de amor eterno à primeira vista e de fidelidade para o resto da vida, com a promessa de deixar para trás um passado triste e real. E agora, de quem é a culpa?

in: Semanário Económico, CASUAL

sexta-feira, março 07, 2008

Ares do Índico - part 11

Sobe e desce.

Sobe e desce. Depois de um fim de semana prolongado e cheio de festa em todo o Maputo e arredores, a semana de trabalho propriamente dita começou de uma maneira que mais valia a pena nem ter começado. A revolta e o desagrado pelas políticas adpotadas pelo governo moçambicano deixaram marcas em todos aqueles que tiveram a infelicidade de se cruzar ou fazer cruzar com a fúria da população em protesto. Não quero de forma alguma critícar o facto de existirem manifestações e demonstrações populares de revolta onde o povo demonstra a sua preocupação. Mas nem todos são culpados e muito menos têm que pagar o preço errado por não haver controle nem bom senso por parte de muitos dos supostos manifestantes. Há muito tempo que os combustíveis e o preço do petróleo dominas as conversas e preocupações económicas de pessoas, empresas, famílias e nações. Na última semana, Maputo assistiu à revolta popular contra uma das muitas consequências do aumento desenfreado do petróleo, o aumento do perço dos bilhetes dos chapas, vulgo transportes semi-colectivos. Como meio de transporte fundamental em Moçambique, foram muitas as pessoas a verem esta medida acabar com as poucas poupanças que poderiam vir a arrecadar no final do mês. Sobe. Ultimamente tudo sobe e nada desce e assim podemos ver o resultado. O país parou, o povo saiu à rua mostrando o seu desagrado e protesto de todas as formas possíveis e ao seu alcançe. Pneus queimados, estradas cortadas, lojas vandalizadas e pilhadas, carros destruídos à pedrada e muita confusão e insegurançanas ruas. O pânico e o medo generalizou-se pois nada previa que um protesto pudesse tomar tais proporções. Mais uma vez aqueles que tomam as decisões que influencíam as vidas de uma população, passam ao lado de todos os problemas deixando ainda o aviso que as consequências da revolta são da inteira responsabilidade dos amigos do alheio. Desce. Toda a razão é perdida por parte daqueles que em momentos de desespero e de revolta deixam o bom senso e a racionalidade de lado e não olham a meios para atingir os seus fins, é claro, com muitos oportunistas à mistura que se aproveitam da confusão para aumentar ainda mais os probelmas e a insegurança. Não se chegou a temer pela vida pois mais ou menos informadas as pessoas conseguiam arranjar uma forma de fugir á revolta que se espalhou por vários pontos da cidade. Os bens materiais mais ou menos valiosos dependiam de um jogo de sorte para saber até quando poderiam sobreviver intactos sem sofrer com os amigos do alheio que se juntaram e aproveitaram da confusão. Sobe e desce. Sobem os preços de tudo e mais alguma coisa e desce a um ritmo vertiginoso a calma e a razão nas alturas de desespero e de instabilidade económica e financeira. Não foi a primeira nem vai concerteza ser a última vez que isto aconteçe, mas para ínicio de ano e numa altura em que tudo e todos regressam ao trabalho depois de um período longo de férias, o futuro não se mostra muito risonho. E não esquecer que já na próxima semana vai aumentar o preço do trigo, bem essencial para a produção de pão, o alimento essencial na dieta do povo moçambicano. E agora o que se seguirá? Que mais poderá acontecer para que uma revolta generalizada e com alguns detalhes de estratégia bem defenidos saiam à rua e deixem tudo e todos de boca aberta ao mesmo tempo que impotentes e sem ninguém a quem recorrer?

in: Semanário Económico, CASUAL

Ares do Índico - part 10

Gwaza Muthini

Estamos no pico do verão, calor para dar e vender! Milhares de pessoas nas ruas aproveitando todos os instantes para fazer a festa, alguns chegam de chapa ou em machibombos, outros de carro e alguns de avião, vindos dos mais variados pontos do mundo. Muita cerveja, muita mesmo. Ingredientes necessários que garantem uma receita de sucesso de Carnaval. Para os mais desatentos esta descrição podeira ser sem tirar nem pôr uma vírgula de mais um ano de Carnaval no Brasil, mas não é. Apesar de já ter vivido o Carnaval do Rio de Janeiro e sentido na pele todas as emoções e sensações de um Carnaval único no mundo e sem comparações possíveis. É impossível falar desta época do ano independentemente do lugar do mundo onde se esteja sem fazer qualquer tipo de referência ao Carnaval sem ter como termo de comparação o Carnaval brasileiro. Mas em Moçambique a festa também se faz, de maneira diferente mas com objectivos semelhantes, divertimento puro e duro e muita animação. Vive-se o feriado dedicado à memória de todos os Heróis Moçambicanos. Não se vêem máscaras nem mascarados nas ruas, nem mesmo as eternas serpentinas e confétis. A festa é feita de outra forma e com uma intensidade diferente. O ritmo do samba é substituido pelos sons quentes e puramente africanos da Marrabenta, que tomam conta da cidade durante estes três dias de um fim de semana prolongado. Por aqui e ali vão sendo feitas festas e concertos, mais ou menos genuínas mas sempre com muita participação de todos os locais assim como por parte dos muitos estrangeiros que aproveitam esta altura do ano para gozar alguns dias de descanso longe de tudo e todos a quem estão ligados o resto do ano. Saborear o marisco e o gin tónico no continente africano tem de sombra de dúvidas um gosto especial, além de um leve peso na carteira! A poucos quilómetros de Maputo, no distríto de Marracuene é celebrada uma festa única e singular. O Gwaza Muthini é celebrado todos os anos por esta altura como uma cerimónia de apelo à paz e à harmonia e acima de tudo à fartura alimentícia. Depois de muitos anos de celebração, este ano teve como ponto alto da festa a oferta á população de um hipopótamo. Caçado nas redondezas de Marracuene o animal é depois repartido pela população não só a local mas como toda aquela que aproveita para se deslocar ao local para ver e viver este momento singular do povo moçambicano. Os concertos de música Marrabenta ditam o mote e o canho é a bebida oficial e tipicamente moçambicana fabricada apartir de cana de açúcar que não pode ser vendida mas sim oferecida gratuitamente por todas as pessoas que participam no Gwaza Muthini. Durante um dia inteiro todos são benvidos a participar e a comemorar um ritual moçambicano e com raízes que remontam os primórdios desta cultura. A esperança que é depositada durante a cerimónia ultrapassa a imaginação de qualquer um de nós e os resultados são esperados com muita ansiedade e alegria. Não é todos os dias que se têm a oportunidade de beber canho, nem de ouvir Marrabenta, mes especialmente de comer carne de hipopótamo! É o Gwaza Muthini, para os outros é o Carnaval!

in: Semanário Económico, CASUAL

Ares do Índico - part 9

Verão no Maputo

O sol brilha e o calor aumenta a um ritmo desalmado. A cerveja refresca e o mar ali ao lado, sem qualquer movimento e cada vez mais se assemelha a uma tijela de sopa de tão quente! O verão está no seu pico e as férias começas a ver a luz no fundo do túnel. Todas as oportunidades são boas para uma festa, para um churrasco, para uma ida à piscina ou à praia, para um passeio nas cascatas da Namaacha, para um mergulho na barragem dos Pequenos Libombos, para aproveitar o verão até à última. Durante todo o ano, grande parte da população moçambicana trabalha arduamente para conseguir durante os meses de Dezembro e Janeiro tirar umas merecidas férias e aproveitar a época das festas para se juntar à família e amigos. É impressionante o poder da família para o povo moçambicano. Uma vez em conversa com o meu amigo Toni, moçambicano de gema, nascido na província de Nampula e criado em Maputo, disse-me que para qualquer família o seu maior tesouro são os filhos e por isso estava explicado o mistério das famílias numerosas existentes em todo o país. Esse facto não só se deve só à falta de métodos de prevenção como também de informação adequada, mas sim a um sentimento de família muito forte e quanto mais numerosa for, melhor. Daí que é perfeitamente natural ter várias famílias a partilhas a mesma casa, desde avós, filhos, netos, genros, sogros e sogras. O que interessa é que sejam muitos e felizes, o resto vai se resolvendo e arranjando à medida que o tempo passa. É impossível não ficar fascinado e com vontade de abraçar aqueles milhares de crianças que se vêm por todo o país, nos lugares mais inóspitos e singulares. Sempre de sorriso na boca e de braços abertos, como se o verão durasse o ano inteiro e as férias fossem a sua ocupação a tempo inteiro. Sempre longe de casa mas perto do olhar atento dos irmãos mais velhos, estas crianças espalham a magia da sua inoçência. Assim sendo, qualquer que seja o destino da nossa viagem por Moçambique, há que ter sempre em conta estas maravilhosas jóias em bruto assim como todas as paisagens que deixam ficar qualquer um de boca aberta e pensar se é mesmo real ou alguma alucinação. Não há nada melhor que aproveitar o bom tempo e rumar pelo desconhecido à procura de praias desertas e virgens, águas transparentes e mornas, areia branca e palmeiras a perder de vista. O sol, mais colorido e selvagem do que alguma vez vi em qualquer outra parte do mundo, gira de uma forma contrária ao que estamos habituados, deixando-me muitas vezes baralhado e confuso. Os dias de verão começam às 4 da manhã quando o sol nasce e pouco depois já é possível sentir o calor abrasador que se faz sentir em África no verão. Acordar e ter a oportunidade de tomar um banho de mar para acordar, dar umas braçadas e sentir a natureza intacta. Sair da água e tomar um belo pequeno almoço de fruta e outros produtos que só em Moçambique são possíveis de encontrar. Passear pelas praias desertas e observar os carangueijos a entrar e sair da água ao ritmo das ondas, os golfinhos e baleias a nadar em harmonia enquanto os pescadores se desdobram em mil para encher os seus pequenos barcos de peixe fresco. Na praia é frequente encontrar ao final do dia, grupos de mulheres que apareçem de todos os lugares possíveis e imaginários com baldes e bacias na cabeça com a esperança de encontrar os barcos cheios de peixe e assim comprar o sustento da família. Tudo se aproveita e tudo se transforma. Desde os utensílios mais básicos até outros que nunca na vida alguém pensou poderem ser feitos artesanalmente, em Moçambique conseguimos encontrar um nível de criação e de habilidade criativa bastante grande. A imaginação e o trabalho manual serve para fazer quase tudo. Numa altura em que mais uma catástrofe natural atinge o país, toda a criatividade e energia são precisas para superar mais um desafio que só vem mostrar a todo o mundo o quanto este povo é forte, não só de corpo mas de espírito.

in: Semanário Económico, CASUAL

Ares do Índico - part 8

Quanto tempo falta para que tudo começe a funcionar como deve ser? O que realmente significa funcionar como deve ser? Esta discussão continua a alimentar várias conversas entre pessoas de várias idades, classes sociais e nacionalidades. Desmotivação, descrença e alguma falta de vontade começam a tornar-se evidentes em torno de todos aqueles que tomaram a decisão de apostar em Moçambique como uma nova etapa das suas vidas. Não está fácil de encarar o futuro quando as prespectivas começam a ser cada vez mais incertas e acima de tudo mais istáveis. O momento apela ao empreendorismo e ao salve-se quem puder! As ideias começam a fervilhar e cada dia que passa novas ideias e projectos inovadores surgem por toda a parte, numa cidade e num país que absorve tudo o que seja novo e inovador. As ajudas são poucas e os entraves aumentam a um ritmo elevadissimo. A creatividade está no auge. Apesar dos recursos não serem os melhores e da disponibilidade custar a diferença entre o óptimo e o medíocre, a creatividade está lá e o espírito começa a fazer a diferença nos pequenos momentos e nos detalhes em que ninguém está à espera de ver. Surpreendam-nos! À medida que os dias vão passando é o que a maioria das pessoas começa a ouvir por todo o lado. Os pequenos detalhes fazem a diferença e uma pequena diferença pode fazer um enorme sucesso. Por exemplo, como se pode fazer aumentar o consumo da água potável num país onde os refrigerantes são mais baratos que a própria água? Até onde pode ir a criatividade e a inovação para fazer perceber uma população que os benefícios da água são muitas vezes maiores que os benefícios de outras bebidas mais baratas, mais apetecíveis e mais desejadas? Aqui residem as pequenas diferenças que podem fazer com que tudo seja diferente. O poder da palavra é difícil de aplicar e de ter algum peso quando a maioria da população não tem nenhuma instrução e o acesso á mesma ainda está bem longe de ser uma realidade. A comunicação e a publicidade têm caracteristicas próprias e dificilmente aplicáveis em outros mercados, países ou continentes. O que faz com que tudo seja possível além de umas ajudas “divinas” e não ao alcançe de qualquer um, é também o poder encantar tudo e todos com aquilo que nunca nos passaria pela cabeça e que nunca nos daria a razão e o retorno no que quer que seja humanamente imaginável. Há que adaptar à realidade e ao mercado. Ver até onde um gestor pode trocar o seu escritório e todo os seus conhecimentos para aplicá-los numa empresa de segurança privada, ou numa empresa de construção cívil, ou numa imobiliária, ou até mesmo numa pousada recatada e familiar nas traseiras de sua casa em frente à praia. Ver ainda como uma decoradora de interiores ao mudar de cidade, muda de uma loja de decoração para um mini-mercado onde o mais perto que vende de decoração são as frutas para decorar a fruteira! Há que adaptar às necessidades do mercado e quando menos se espera pode ser que consígamos voltar às nossas origens académicas, aos nossos sonhos de realização profissinal, à nossa felicidade pessoal. Como em tudo na vida, nada acontece por acaso e todas as mudanças trazem sempre uma mais valia para p crescimento pessoal e profissional de cada um de nós. Só quem não muda ou não tem coragem para mudar, vai continuar a pensar que não existe mais nada para além do que já existe. As portas foram feitas para ser abertas, assim como as mentalidades. Quanto mais nos sentimos confortáveis no meio onde estamos inseridos, mais vontade temos de explorar o novo e o que está para além das portas que sempre vimos fechadas.

in: Semanário Económico, CASUAL

Ares do Ìndico - part 7

Os dias vão passando e só quando se chega ao final do ano é que nos apercebemos como tudo passou a correr e que mais um ano que ficou para trás. Tantas coisas boas que ficam na memória deste ano de 2007 como de tristes. A chegada de mais um ano trás sempre a esperança e a confiança de que tudo será melhor e que irá haver uma solução para tudo aquilo que está fora do nosso controlo, ou pelo menos parece estar. A meteorologia é uma das provas disso. É difícil encontrar algum lugar no mundo onde as condições meteorológicas estejam de acordo com as estações ou com a época do ano. As catástrofes naturais acontecem cada vez com mais frequência e mais devastadoras. A segurança pessoal e o conforto de viver o dia a dia andam a ter muito efeito no bem-estar e na felicidade de grande parte da população. À medida que a informação se torna cada vez mais acessível e todos podem ver como se vive nos mais variados pontos do mundo, a ideia de nunca se estar bem em lugar algum ajuda a aumentar o desejo de migrar, não só à procura do clima ideal, mas à procura da felicidade e da realização pessoal. Para este ano que agora está a chegar, quero que seja um ano cheio de saúde para mim e para todos, muito dinheiro e acima de tudo cheio de realização pessoal. Não é nada fácil nos dias de hoje alcançar esse desejo na perfeição. A competição é grande e faz-nos lutar contra tudo e todos para conseguir mostrar e provar algum valor. Enquanto uns põem no papel todos os desejos e esperanças que desejam ver concretizadas em 2008, outros aproveitam para fazer uma análise ao ano que agora termina. Verdade seja dita, esta altura do ano é muito confusa. Tudo e todos andam a correr para se despedirem do velho e receber de braços abertos o novo. Por aqui, basta um fato de banho e uns chinelos e a festa faz-se em qualquer lugar onde haja muita praia por perto, água quente e Laurentina (cerveja moçambicana). Ao menos aqui ainda se pode fumar em quase todos os lugares públicos não estatais. Apesar de ser defensor de que não se deve fumar, acho que isso deve partir da iniciativa de cada um e não por imposição de terceiros, aqueles que apenas fumam charutos quando decidem o que os outros não devem fumar. O poder do poder está em todo o lado. O Partido. Qualquer que ele seja e onde quer que ele seja, ele pode ser decisivo para a vida de todos. Não fazendo parte dele, temos todos os entraves do mundo e mais alguns, mas se fizermos parte dele, é impossível descrever o poder que nos dá. As festas, nome dado ao período festivo que vai desde Dezembro a Fevereiro, faz com que seja um dos mais caóticos em Moçambique. Por todas as razões e mais alguma. A insegurança aumenta a um ritmo incrível, os assaltos vindos de todas as partes passíveis e imaginárias acontecem a qualquer dia, a qualquer hora e em moldes surpreendentes. O que é bom, por vezes tem defeitos que ninguém quer revelar e muito menos partilhar. Para que o próximo ano seja melhor que este é preciso que muita coisa mude, muitas ideias e ideais desapareçam e sejam substituídas por algo melhor. Como em qualquer outro final do ano, na minha cabeça, em qualquer que seja o lugar do mundo onde esteja nesta altura, a confusão é muita pois o tempo para rever o bom e o menos bom é cada vez menos e por isso deixa ainda menos tempo para preparar o muito bom que se quer que aí venha. Assim, e para que tudo seja como sempre quiseram e porque o Natal é quando o homem quiser, um óptimo ano de 2008. Cada um faz os seus desejos e cada um é responsável por torná-los realidade. O que interessa acima de tudo é nunca perder a alegria de viver!

in: Semanário Económico, CASUAL